19 de mar. de 2010

O que nos diz uma sábia tricoteira?

Há tempos queria palavras e opiniões de alguém que conhecesse o tricô de forma considerável.
Eis que surgiu em minha teia de pensamentos o nome de Bia Medina.
Bia Medina é uma pessoa muito respeitada no meio da arte de tricotar da qual , gostaria de reservar um espaço em destaque.
Gostaria muito de saber algumas idéias de Bia, com relação ao tricô. Fiz algumas perguntas e ela me respondeu com muita gentileza e objetividade.

Bia Medina é tricoteira desde dos 12 anos de idade, onde aprendeu a fazer sozinha, com a coleção de fascículos Mãos de Outro. Já o Crochê a avó de Bia lhe ensinou, quando tinha 7 anos. É carioca, mas atualmente mora em Campinas há 5 meses. Trabalha como tradutora, mas já foi programadora visual e jornalista.

Vamos às perguntas:

1) Como percebe o tricô hoje? Que espaço ocupa quem faz esta arte?
2) O que não pode faltar para um bom tricô, entre acessórios, dicas e afins?
3) O tricô está mais para um arte gregária ou solitária?
4) O que é in e out no tricô?

1. Percebo que o tricô vem perdendo a imagem preconceituosa de "coisa
de velhinha" para ocupar um espaço maior - como terapia, como
passatempo e como forma de expressão artística (talvez mais no
exterior do que no Brasil). Já o espaço das tricoteiras ainda é
pequeno, quando olhamos a sociedade e a economia brasileiras como um
todo. Tradicionalmente, na nossa fonte cultural portuguesa, o crochê e
o bordado têm mais importância do que o tricô como ocupação feminina,
ao contrário do que acontece, por exemplo, na Grã-Bretanha. Além
disso, aqui no Brasil o trabalho manual é pouco valorizado; devido à
nossa história escravista, tudo que envolva trabalho com as mãos é
considerado serviço menor, coisa de escravo, de servo, de pobre. Mas
isso está mudando, o que é muito bom.

2. O que não pode faltar? Fio e agulhas. Ah, também é bom que não
falte criatividade, senão o tricô fica muito monótono: só copiar é
muito chato.

3. O bom é que pode ser as duas coisas, né? É uma ótima ocupação
meditativa quando se está sozinho, mas também é maravilhoso tricotar
em grupo. A internet permitiu o contato entre tricoteiras antes
absolutamente isoladas. Nunca me esqueço da alegria que senti quando
encontrei a minha primeira lista de crochê, em 1998, ou a primeira
lista de tricô em que me senti bem acolhida, em 2007; a partir daí,
pude falar das coisas que me apaixonam com pessoas que entendiam do
que eu estava falando.

4. Ah, isso de in e out não é comigo. Eu diria que é in fazer o que se
gosta e que é out ter medo do que os outros vão dizer.


*E em homenagem à Bia Medina, aqui está uma imagem que remete aos doces momentos das lições de crochê com sua avó, sendo observada pela atenta neta aprendiz.

E ao estilo de Bia Medina me despeço:

Bjk, btz.

6 comentários:

Anônimo disse...

Oi Júnia, adorei a pequena entrevista com essa fera do Tricô.

Sou fã do seu blog.

Bjs!

BeMedina disse...

Muito obrigada, Júnia, pela oportunidade de participar do seu blog. Um beijo.

Adri disse...

Parabéns pela entrevista!!
Bjs

Bel Colmenero disse...

É uma privilégio conviver com vocês,beijos.

Alina disse...

Parabéns, Junia, pela iniciativa da entrevista.
Sou fã dessa mestra há anos, se hoje faço um pouquinho de tricô e crochê devo isso em grande parte à paciência dela, sempre disposta a dividir seus conhecimentos com excelente didática e boa vontade. É minha 'mestra-madrinha', por isso a chamo de MM. Beijos.

nilda disse...

Que legal sua entrevista com a Bia tão querida nossa, que é muito simpática, criativa, "sabidona" de verdade e muito generosa conosco.
Parabens pela bela ideia que nos dá de presente.
Beijoca. Nilda
http://meucantin5.blogspot.com/